Quando oiço dizer que actualmente não se produz musica de jeito sinto-me obrigado a negar. Penso mesmo que nunca existiu tanta abundância de qualidade e, simultaneamente, sem reconhecimento. Tem sido facil apresentar aqui músicos e bandas tão diferentes quanto interessantes. Mais um exemplo disso mesmo são os MONKEY SWALLOWS THE UNIVERSE.
Sem acusarem minimamente a responsabilidade do segundo álbum, os BLANCHE voltam a surpreender com "Little Amber Bottles", um trabalho absolutamente notável. Catalogados de Goth-folk pela imprensa para mim são apenas rock n roll. Do melhor. Alguém escreveu sobre eles o que melhor os resume: "If you don't like Blanche you're not human".
Não restam duvidas que SARABETH TUCEK ouviu compulsivamente os mestres Neil Young e Velvet Underground + Nico. O seu primeiro trabalho comprova-o mas é, também muito bom.
Os desconhecidos DAWN LANDES mexeram o mercado com o belíssimo e sublime "Fireproof". Completo e equilibrado ainda nos oferece, não creditado no alinhamento, uma versão espantosa de "I Want Back Down" do mestre Tom Petty. Sem duvida, um dos melhores trabalhos do ano.
Canadianos a tocarem electro-pop não é muito vulgar mas os METRIC fazem-no de tal forma que o reconhecimento não tardou. Parecem vulgares mas pouco a pouco vamos absorvendo que há ali qualquer coisa. No entanto, não tenho bem a certeza...
Depois de vários anos de carreira os DRIVE BY TRUCKERS tiveram que se readaptar na gravação do novo álbum, "Brighter Than Creation's Dark", às alterações profundas na constituição da banda. O resultado foi superior ao esperado e o futuro continua a pertencer-lhes.
Quem procura musica tipo "banda sonora reencarnação Julee Cruise em Twin Peaks" pode encontrar nos BEACH HOUSE a resposta para os seus desejos. Um pouco de dream-pop, folk e fugazes vestigios da Motown embrulhados numa textura electrónica capaz de embaraçar alguns velhos do Restelo ainda presos aos Mazzy Star.
Ao fim de duas décadas inserido nos Jayhawks, GARY LOURIS lança-se finalmente a solo e entende-se porquê. Enquanto a banda vagueava na alt-country, "Vagabonds", o disco de estreia muda de direcção e revela a paixão de Gary pelo final dos anos 60 e inicio dos anos 70. Todo o álbum transpira a Byrds, CSNY, Beach Boys e outros do género. Roger McGuinn e Gene Clark devem estar muito orgulhosos do tributo...
Enquanto a generalidade da imprensa apregoa o fim da industria musical no formato físico os coleccionadores vão recebendo com satisfação noticias que provam o contrário. Recentemente, nasceu a Reel Music Records, especializada em edições de grandes álbuns de musica soul. Alguns descatalogados, outros nunca editados em CD.
Para aguçar os sentidos, os primeiros quatro lançamentos são imperdíveis: BETTYE LAVETTE, YVONNE FAIR, KIM TOLLIVER e ESTHER PHILLIPS.No caso da senhora Lavette decidiram por bem editar "Tell Me A Lie" (1982), o famoso clássico gravado para a Motown e que nunca tinha sido alvo de edição em CD. O disco foi lançado a 20 de Maio e encontra-se já quase esgotado.
O aguardado segundo álbum de JOAN AS POLICE WOMAN saíu no recente dia 9 e prepara-se para ocupar um lugar de eleição entre os melhores do ano. "To Survive" volta a demonstrar a classe e subtileza de uma invulgar compositora e interprete. O nome do tema de apresentação não podia ser mais apropriado...
São uma banda portuguesa, concerteza, mas não parecem. Tó Trips e Pedro V. Gonçalves formam os DEAD COMBO que são uma espécie de Calexico nacionais. Muito bom!
Regresso uma vez mais a NELLIE McKAY, uma das maiores revelações dos últimos anos, sempre num patamar muito elevado. Aqui, uma actuação recente em que diverte seriamente o publico.
Foi absolutamente fantástico o concerto de hoje à noite no CCB de ANOUSHKA SHANKAR. Nenhum dos presentes se lembrou do Rock In Rio. O que é facil de entender...